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Crônicas na pandemia: “Livramento” da Covid-19

Na primeira semana de março, eu recebi um mandado de citação para audiência. Como a pessoa não estava no endereço, deixei meu contato com o porteiro. Na semana seguinte, com a pandemia de Covid-19 já no Brasil, dias antes da quarentena ser decretada, ela me ligou e marcou de manhã bem cedo, pois era médica e tinha a agenda cheia.

Na hora marcada, lá estava eu no prédio, quando percebi que havia esquecido de levar o mandado (e que muito provavelmente não voltaria a tempo de encontrá-la em casa). Telefonei e ela me informou que havia acabado de receber o resultado do teste indicando positivo para coronavírus e que, portanto, não sairia de casa tão cedo, e que eu poderia vir com calma. Garantiu que me receberia de máscara. Mas aí foi minha vez de confessar meu medo de pegar o vírus e que deixaria o mandado na portaria. E assim foi.

Duas semanas depois, entrei em contato para saber como ela estava. Então ela me contou que logo após aquele dia, foi internada e que toda a família tinha contraído uma grave pneumonia, mas que agora estavam bem, de volta para casa. Ao saber disso, confirmei a impressão que tive aquele dia: a de que havia passado por alguma espécie de “livramento”…

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