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Crônicas Oficiais: Diligência reveladora

“São Pedro da Serra e Lumiar, distritos de Nova Friburgo, onde eu trabalho, formam um dos polos turísticos mais frequentados da Região Serrana do estado do Rio. São conhecidos como redutos do movimento hippie surgido na década de 70.

No início dos anos 2000, eu tive que citar uma reclamada em um bairro rural de São Pedro da Serra, onde ficam muitos sítios e chácaras. O bairro fica a 2 km do perímetro urbano. Como no mandado não havia referência de endereço, logo que cheguei ao mercadinho do bairro, pedi informação. Quando citei o nome da pessoa, notei que os frequentadores começaram a rir. Fiquei curioso sobre o motivo, mas não perguntei. Disseram que a conheciam e informaram a localização. Segui em frente, ainda cismado com aquelas risadas.

Na entrada do sítio, avistei um senhor, com pinta de alemão, aparentando uns 60 anos. Ele me explicou que para chegar na casa da reclamada, tinha que ir pelo terreno dele, e que ia me mostrar o caminho. E foi só quando ele levantou, que notei: ele estava completamente nu. Levei um susto na hora. Ele, com naturalidade, insistiu que eu o acompanhasse. Após algum tempo caminhando, chegamos na varanda da casa dele, onde havia cinco pessoas. Todos pelados, entre adultos e crianças. Fiquei constrangido. Mas me receberam com espontaneidade, todos muito educados.

Até que cheguei no endereço. E lá estava ela e o marido… ambos também nus. Na hora, não sabia nem o que falar. As palavras saíam num atropelo danado. Só sei que eu fiz a citação, e ela e o esposo, muito gentis, insistiram para eu tomar café com eles. Acabei aceitando. Então descobri que a região era um recanto de naturistas.

Como não tenho preconceito, acho a nudez algo muito natural, depois de passar por aquilo, entendi que meu constrangimento se dera pelo fato justamente de eu estar vestido, de ser o único diferente naquele ambiente de peladões.

Acredito que o único oficial de justiça que citou uma naturista ao vivo fui eu. Até aconselho os colegas que tenham que citar um naturista, que tirem a roupa logo no início da diligência. Quem sabe, assim, não se sentirão tão estranhos no ninho como eu me senti.”

Curtiu a crônica do Oficial de Justiça Raniere Rezende Faria (TRT-1)? Mande também a sua que a gente publica. #ASSOJAFRJ