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Crônicas oficiais: Operação Verde-oliva

“Em dezembro de 1976 eu fui cumprir um mandado de ‘busca, apreensão e entrega’ para o Exército. O caso era curioso: uma empresa paulista, responsável pelo fornecimento de uniformes militares para diversos quartéis do Rio de Janeiro, tinha falido e ninguém sabia o paradeiro dos seus donos. E como havia a informação de que a empresa – um galpão de 2 andares no início da Avenida Brasil – possuía uma boa quantidade de material estocado, o Exército solicitou à Justiça do Trabalho sua remoção em caráter de urgência. Chegando lá, descobri que a tarefa de transferir todo o material – metros e metros de tecido e centenas de uniformes prontos – exigiria algumas viagens de caminhão. O trabalho durou três semanas e só terminou na véspera do Natal.

Leo Braga: urgência do Exército em transferir uniformes estocados de um galpão da Av. Brasil tinha uma motivação secreta

Como eu almoçava diariamente com os militares na própria empresa, acabei descobrindo a verdadeira causa da ‘urgência’, ainda que de forma não oficial: existia um temor no Exército de que grupos de esquerda armados descobrissem aquela empresa – numa área meio abandonada da cidade – lotada de roupa verde-oliva, o que renderia, claro, um disfarce irretocável para possíveis ações contra o governo militar.”

Curtiu a crônica do Leo Damião Braga, nosso diretor-financeiro? Mande também a sua que a gente publica aqui no Crônicas Oficiais.