Crônicas Oficiais: Profissão de risco
“Há 25 anos fui entregar uma citação na favela do Jacaré. Primeiro, como sempre fazia em áreas de risco, fui à associação de moradores saber como estava a ‘barra’ e identificar onde era a casa. Enquanto conversava, um garoto de canela fina, chinelo de dedo e fuzil pendurado no ombro escutava tudo do lado de fora. Lá pelas tantas, se meteu na conversa: ‘É oficial de qual tribunal, do crime?’. Expliquei que era da Justiça do Trabalho e que a pessoa tinha ‘um dinheiro’ pra receber. ‘Vou então levar o senhor lá, que é muito perigoso’. Fiquei com medo, mas fui. Mandado cumprido, não quis ser rude e aceitei o convite para uma cerveja na birosca. Bebi, agradeci e me despedi. Poucas semanas depois, reconheci o sujeito na reportagem sobre o perigoso traficante ‘Pará do Jacaré’, que tinha sido morto pela polícia”.
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